A maternidade, os males e as escolhas

Para contar tudo que aconteceu desde a última postagem, seriam necessárias mais linhas do que meu tempo permite. A gravidez que me fez provar todos os sintomas sobre os quais ouvi de Lolota desde que nasci, terminou bem tranquila, inchada e com as dores que vocês podem imaginar. Me preparei para muitas coisas na vida, mas eu duvido que qualquer blog, livro ou conselho maternal pode chegar perto do que se sente quando aquela pessoa por quem eu esperei ansiosa pra encontrar por meses, saiu de mim e começou a chorar. Acho que chorei mais do que Maria Rosa. Era tanta coisa passando na minha cabeça ao mesmo tempo que pensei que meu coração fosse sair pela minha boca.

Ela veio toda suja com aquela gosma amniótica e me deixou apaixonada. Alí começou uma história que  nem nos meus maiores delírios sonhei viver. Com 50 cm e 3,340 kg, Rosinha veio com um cordão umbilical absurdamente gordo que abasteceu duas bolsas cheias com um material precioso. Come muito como a mãe e dorme igualzinha ao pai. Ainda existem outras  características cuja origem ainda são um mistério. Com menos de um mês, Rosinha já segurava a chupeta na boca e levantava a cabeça, vira para um lado, vira para o outro e encara a gente cheia de personalidade. MEDO! hehe Estou mais fofolete como nunca e agora meu mundo é rodeado de fraldas, leite, baladas que vão  da meia-noite às 2 da manhã, das 4 às 6, e das 8 às 9... sujeito a alterações sem aviso prévio. Pedro se mostra um pai extremamente babão e a bebê retribui, a concorreência só perde porque a minha frangância de leite é irressistível para ela.



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Semanas antes do parto apareceu um nódulo pequeno no pescoço, como diria Dona Rosa: coisa pouca.  Uma tentativa de retirada para biópsia logo após a cesária foi frustada. O PET, feito quarenta dias depois mostrou que parecia ser o linfoma novamente e semana retrasada consegui retirar e enviar para biópsia. Hoje foi confirmado que a doença ainda existe. A parte visível no exame foi retirada na cirurgia, mas as células continuam na medula. Sr. Myiagi disse que ficou aliviado com o aparecimento de apenas um linfonodo, e que poderia ser muito pior, pelos hormônios que deixaram meu corpo em parafuso durante a gravidez. Esperava-se algo pior. Dos males, o menor, literalmente. Para o meu alívio, não sinto dor e levo uma vida normal de uma mãe descabelada. Maria Rosa não entende as coisas mas sei que ela sente e não quero de forma alguma afeta-la com os sentimentos e sensações que as últimas semanas trouxeram consigo. Para ela, eu estou passeando num lugar claro e com cheiro estranho e batendo papo com o homem de olho fechadinho.

De forma nada estranha a maternidade deixou tudo fora do lugar. Ou melhor, colocou tudo no lugar. O amor que sinto é tão grande e tão inexplicável que a tentativa de escrever sobre isso se tornou idiota. Esse é amor mais próximo que existe do amor de Deus por nós e isso me deixa mais apaixonada por Ele.
Vendo as coisas que já aconteceram, sinto que não preciso de respostas, e nem as quero. Não preciso que justifiquem a minha fé, mesmo sem enxergar, creio, e testifico. Se outros vêem, isso já prova a misericórdia e amor do Pai, e isso já explica muita coisa... Mais do que nunca, não procuro a cura para mim mesma.


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Li um texto interessante sobre os propósitos de Deus. Não sei quem escreveu, mas fica fácil imaginar que sim, eu procurei vários motivo para o que vivi/vivo e me preocupo em viver. Mas o autor anônimo reflete sobre os acontecimentos da vida, não apenas como caminho para um propósito maior, o que para mim já seria o bastante. Ele trata o caminho como propósito. Deus não pensa apenas no final, ele está interessado no processo. Seu desejo é que queiramos e dependamos dEle. Ele se alegra quando confiamos na sua provisão antes mesmo de vermos a praia. Lolota fala andar sem enxergar o passo adiante é melhor, pois assim dependemos completamente dEle e não mais o enxergamos com uma "opção". Ele se torna soberano. Perdi a conta de quantas vezes deixei a ansiedade tomar conta dos meus dias e pensamentos e isso ainda acontece, mas hoje atentei para o outro lado, que havia ouvido antes e ignorado. O que interessa é o percurso. Ser obediente a Deus e deixar que Ele tome conta da nossa vida nos eleva espiritualmente e nos distancia dos receios humanos e dos valores errôneos, muitas vezes cegos. Então concluí que decidir estar no escuro e confiar em Deus e nas sua provisão, não de forma irresponsável, mas "deixando Deus ser Deus" nos traz a segurança que o mundo nunca entendeu e que nunca entenderá, e nos leva aos lugares espirituais nunca alcançados. Obedecer e confiar não se torna mais uma saída desesperada num momento difícil, agora falo deles como escolha.


"Porque em esperança fomos salvos. Ora a esperença que se vê não é esperança; porque o que alguém vê como esperará? Mas, se esperamos o que não vemos, com paciência o esperamos". Romanos 8. 24 e 25

As primeiras fotos de Maria Rosa no Espremendo o Limão. Ai-que-coisinha-mais-linda!!!













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Comentários

Anônimo disse…
Que saudades de vc!!!
A Maria Rosa é linda. Parabéns!!

Que Deus continue abençoando vcs....

*-*
Fernanda disse…
Este comentário foi removido pelo autor.
Anônimo disse…
Como é linda a sua garotinha!!!!!! Que Deus continue te iluminando Lari pq somente ele sabe de nossas dores e o que precisamos, seja forte!!!! Adoroooooo vc desde o primeiro post, vc e minha mãe começaram a batalha mais ou menos na mesma época, te desejo tudo de bom de verdade!!! Michela ladeira
Anônimo disse…
Parabéns, sua filhinha é linda! Muita força nessa batalha, minha querida. Saiba que há alguém que se sente muito bem por ler esse blog e que reza por você constantemente. Abraços!
Unknown disse…
Ola! aqui é a Vartuhi, vc lembra de mim? eu fiz o transplante na mesma época de vc...fomos vizinhas de quarto...hoje lembrei de vc e resolvi entrar no blog, e pra minha surpresa vi as maravilhas que Deus tem feito na sua vida! parabéns pela sua filha ela é linda!!Deus sempre nos surpreende né? vc é um exemplo e sempre me lembro de vc e oro por vc! eu estou bem o transplante já faz três anos e hoje estou conseguindo criar minhas filhas trabalhar...ter uma vida normal...
Fiquei muito feliz em saber notícias suas e muito feliz por vc! bjos
Rafael Martins disse…
Conte-nos mais, Larissa. Faz tanto tempo que você não escreve. Tudo bem?
Paula Lima disse…
Por onde anda você?
Anônimo disse…
O q aconteceu? Vc sumiu? Esta tudo bem? Alguem tem noticia dela?

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